segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Anencefalia


A anencefalia é um distúrbio que envolve o desenvolvimento incompleto das partes principais do cérebro. A anencefalia é classificada como um defeito do tubo neural (DTN), e que refere-se ao desenvolvimento incompleto do cérebro, medula espinhal, e / ou os seus revestimentos protetores. O tubo neural é uma bainha estreita que  dobra e fecha durante a terceira e quarta semanas de gravidez, a fim de formar o cérebro e a medula espinhal do embrião. A anencefalia ocorre quando a porção final (cefálica) do tubo neural não se fecha, resultando na falência na formação de grandes porções do cérebro, do crânio e do couro cabeludo.Crianças com anencefalia nascem sem o prosencéfalo (a parte frontal do cérebro) e sem o cérebro (a parte pensante e de coordenação). Muitas vezes, o tecido cerebral rudimentar restante pode estar exposto, sem a cobertura protetora de qualquer osso ou pele. Embora as ações reflexas, como a respiração e as respostas ao toque ou som possam ocorrer, o ganho de consciência é quase sempre descartado.


Texto traduzido por Lean F. Franco de http://www.rarediseases.org

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Vídeos da minha Banda SILFOS


Síndrome de Angelman



A síndrome de Angelman (SA) é uma desordem genética neurológica rara caracterizada por graves atrasos de desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem, ausência ou quase ausência de fala,  incapacidade de coordenar os movimentos voluntários e bruscos dos braços e pernas, e, um padrão de comportamento distinto caracterizado por episódios de riso e sorriso, muitas vezes em horários impróprios. Embora os indivíduos afetados possam ser incapazes de falar, muitos deles aprender a se comunicar gradualmente através de outros meios, tais como gestos. Além disso, as crianças podem ter a habilidade da linguagem receptiva o suficiente para entender a linguagem e compreender comandos simples. Outros sintomas que podem ocorrer em alguns casos, são as convulsões, distúrbios do sono e dificuldades de alimentação. Algumas crianças afetadas podem ter características faciais distintivas. 

A síndrome de Angelman é causada pela exclusão ou a expressão anormal do gene UBE3A que está localizado no braço longo (q) do cromossomo 15 (15q11-q13). Na maioria dos indivíduos afetados, a síndrome de Angelman parece ocorrer espontaneamente (esporadicamente) por razões desconhecidas. No entanto, alguns casos familiares têm sido relatados.

Texto traduzido por Lean F. Franco do site http://www.rarediseases.org

Síndrome de Apert

                                                                Imagens da Wikipédia

Síndrome de Apert, também conhecido como acrocefalossindactilia tipo I (ACS1), é uma desordem genética rara que ocorre ao nascimento (congênito). A desordem é marcada por malformações distintas da cabeça que levam também a características faciais distintias. Além disso, as mãos e / ou os pés podem ser alados (sindactilia) e, em alguns casos, retardo mental também pode estar presente. 

Nos  bebês que nascem com síndrome de Apert, as articulações fibrosas entre os ossos do crânio (suturas) fecham prematuramente (craniossinostose). A pressão do crescimento do cérebro continua e distorce vários ossos do crânio e da face. Muitas vezes, a cabeça parece anormalmente apontada no topo (acrocefalia). A distorção das placas do crânio criam alterações nos ossos faciais levando a características anormalidades faciais, como olhos amplamente espaçados (hipertelorismo ocular), a protrusão anormal dos olhos (exoftalmia), o subdesenvolvimento das regiões oro-faciais (hipoplasia da maxila), e / ou palato estreito.

Malformações das mãos e dos pés podem incluir normalmente polegares largos e dedos grandes dos pés, dedos curtos, e, para completar a fusão (sindactilia) de certos dedos das mãos e dos pés. Mais comumente, ocorre a fusão completa dos ossos dentro do segundo para o quarto dedos e a presença de uma única prega comum (sindactilia).

Em quase todos os casos, a síndrome de Apert  resulta de novas alterações genéticas (mutações) que parecem ocorrer aleatoriamente e, por razões desconhecidas (esporadicamente). Em casos raros, a doença pode ser herdada como traço autossômico dominante.

Texto traduzido por  Lean Fontain Franco de http://www.rarediseases.org 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Síndrome de West

     Imagem do site http://imagina65.blogspot.com/2009/11/la-zona-extrana-sindrome-de-west.html



A Síndrome de West, cujo nome é uma homenagem ao Dr. William James West, médico inglês que descreveu esta síndrome em 1841, é uma síndrome neurológica que afeta mais o sexo masculino (2 meninos para cada menina), e que inicia-se quase sempre no primeiro ano de vida, principalmente entre os 4 e 7 meses de idade.
Caracterizada por espasmos em flexão, que ocorrem muitas vezes ao dia, atraso no desenvolvimento global, déficit intelectual, e traçado eletroencefalográfico com padrão de hipsiarritmia (disritmia maior lenta).
Normalmente estes sintomas são secundários à uma lesão do sistema nervoso central de origem pré-natais, perinatais ou pós-natais, causada por encefalite, anóxia, traumatismo de parto, toxoplasmose, etc..
Pode ocorrer 1 caso de Síndrome de West a cada 4000 ou 6000 nascimentos.
O prognóstico é reservado, mesmo em casos tratados precocemente.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Método Verbotonal



O Método Verbotonal foi criado por Peter Guberina, na antiga Iuguslávia.
Trata-se de um método oral multi-sensorial, pois visa a habilitação do indivíduo para a fala e a constante reabilitação da audição deficiente.
Este método pode ser e é aplicado em indivíduos surdos de todas as idades, desde a estimulação precoce (0 ano) até a estimulação para a manutenção da linguagem em pessoas adultas que ensurdeceram.
Pode ser aplicado em surdos puros ou em pessoas com dupla ou múltiplas deficiências.


Os seus Princípios São:

a)   Todo o Deficiente Auditivo tem um Campo Optimal de audição aproveitável;
b)  Não se deve adaptar a prótese auditiva no início da reabilitação;
c)   Deve-se seguir uma progressão fonética crescente;
d)  Dá-se ênfase a fala a partir de um sistema natural (movimentos e audiovisual);
e)   Estimula-se constantemente o canal auditivo.
O objetivo básico do método é treinar o cérebro para utilizar até mesmo uma mensagem acústica distorcida para a percepção da fala aproveitando áreas mais sensitivas da audição.


Outros Objetivos

a)   Desenvolver habilidades de fala e audição;
b)  Proporcionar fala mais próxima dos padrões considerados normais, trabalhando entonação, ritmo, pronúncia, etc;
c)   Colocar o surdo em contato com a sociedade, reabilitando para o social;
d)  Aproveitar o resíduo auditivo para, com a estimulação deste canal, aumentar a capacidade de ouvir e/ou perceber o som.

Agenesia de Corpo Caloso


A Agenesia de Corpo Caloso (ACC) é uma desordem rara presente ao nascimento (congênita). É caracterizada por uma ausência parcial ou completa (agenesia) de uma área do cérebro que conecta os dois hemisférios cerebrais. Esta parte do cérebro é normalmente composta de fibras transversas. A causa da Agenesia de Corpo Caloso é normalmente desconhecida, mas pode ser uma herança autossômica tanto recessiva como dominante. Também pode ser causada por uma infecção ou injúria durante a 12ª à 22ª semana de gravidez (intrauterina), levando a um distúrbio do desenvolvimento do cérebro fetal. Uma exposição intrauterina ao álcool (síndrome alcoólica fetal) também pode resultar em ACC. Em alguns casos pode aparecer retardo mental, mas a inteligência é afetada apenas de forma leve e súbitos sintomas psicossociais podem estar presentes.

De: http://www.rarediseases.org
Traduzido por Lean F. Franco

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Reação de Extensão Protetora:

  • Reação de Extensão Protetora: Também conhecida como reação de paraquedas ou de precipitação, é a postura assumida por um animal, como se fosse a aterrisagem de um pulo. Esta reação consiste em duas fases e ajuda a manter o bebê sentado. Na primeira fase ocorre a extensão do braço, punho e dedos, para atingir  o solo ou, outro apoio. Na segunda fase a criança coloca o peso sobre o braço e a mão levada para o apoio. Esta reação tem início por volta dos 5 meses. Quando a criança está sentada nota-se sua presença aos seis meses para a frente, aos 8 meses para os lados e aos 10 meses para trás.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Equipe Multidisciplinar em Atendimento ao Bebê de Risco (Dados Estatísticos)





Através de um convênio, entre a instituição na qual trabalhamos e um hospital universitário em Curitiba, iniciamos um trabalho de avaliação, orientação e acompanhamento de bebês de risco, associados a um grupo de médicos, assistente social, dentista, enfermeira e nutricionista, onde tais crianças receberiam indicação terapêutica quando necessário, num período variável de acordo com o seu quadro.
Dentro desta experiência de 4 a 5 anos, por iniciativa própria, destacamos alguns pontos importantes.
Foram analisadas 282 crianças encaminhadas principalmente pelo berçário do hospital em questão.                            Estas crianças foram avaliadas e os pais orientados pela equipe multidisciplinar no próprio ambulatório de neuropediatria, 56 crianças foram encaminhadas para nossa instituição com idades variando entre 1 a 6 meses, sendo:
·19 crianças encaixadas no Programa de Estimulação Precoce (crianças com atraso no D.P.M., sem sinais de comprometimento neurológico);
·13 crianças encaixadas no Programa de Tratamento Precoce (crianças com atraso no D.P.M., com sinais de comprometimento neurológico);
· 24 crianças encaixadas em Programa Alternativo-P.A. (crianças com atraso no D.P.M. com ou sem comprometimento neurológico, mas que não tinham condições de freqüentar o programa toda semana).

Das 32 crianças inseridas em tratamento ou estimulação precoce:
·     04 abandonaram
·     15 estão em alta mas com acompanhamento semestral no P.A.
·     06 tiveram alta definitiva
·     07 estão em tratamento (evoluíram para um quadro de paralisia cerebral)

Os principais fatores de risco encontrados neste grupo de 282 crianças foram os seguintes:

        Fatores                                                    N° de Crianças
Crises convulsivas                                                    69
Síndromes genéticas                                                 24
Imaturidade                                                             127
Infecções                                                                   64
Fatores Maternos                                                       23
Fatores Metabólicos                                                  59
Síndromes Neurológicas                                           78
Problemas Respiratórios/ Cardíacos                         72
Sofrimento Fetal                                                        96

Os casos de Paralisia Cerebral somaram sete  e os de atraso do DPM somaram quarenta e três. Sessenta crianças (14,5%) apresentaram um único fator de risco. Deve-se ressaltar ainda que 85,5% das crianças apresentaram dois ou mais fatores de risco, sendo comum dentro de um mesmo grupo a presença de marcos significativos.
Estes dados foram coletados por nossa equipe a partir de março de 1991 ao início do convênio. A validade do programa consiste em detectar precocemente patologias que venham a se estabelecer (com ênfase à Paralisia Cerebral), tomando as medidas necessárias a tempo para uma melhor evolução do quadro destas crianças.

Autores:
Lean F. Franco – Fonoaudiólogo
Newton L. Nickel – Fisioterapeuta

A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM BEBÊS DE ALTO RISCO SOB OS CONCEITOS BOBATH




Nos últimos 30 anos, grandes avanços na tecnologia médica e hospitalar contribuíram para um consistente declínio nos índices de mortalidade neonatal. Recém nascidos com 26 semanas de idade gestacional começaram a se tornar viáveis. Consequentemente, alguns bebês passaram a sobreviver em berçários, por um período de até 3 meses, durante os quais seu sistema nervoso tem de se desenvolver sob condições não fisiológicas e freqüentemente adversas, expostos a grandes riscos de agressões. (GHERPELLI, 1989)
Em decorrência desta evolução tem-se um maior número de bebês prematuros atendidos nas UTIs neonatais, sendo necessário que se pense não apenas na sobrevida das crianças, mas também no seu desenvolvimento mais próximo a normalidade. (TANAKA, 1996)
Portanto, após a alta hospitalar é importante que este bebê tenha um acompanhamento interdisciplinar ( Neuropediatria, Pediatria, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia e Terapia Ocupacional), onde periodicamente são feitas avaliações para se detectar possíveis desvios em seu desenvolvimento sensório motor e de linguagem.
O Fonoaudiólogo é membro importante desta equipe e, para desenvolver seu trabalho da maneira mais precisa possível deve conhecer muito bem as etapas do desenvolvimento motor e de linguagem e deve fazer dos pais do bebê seus parceiros, principalmente quando denotada a necessidade de intervenção.
É necessário ressaltar que os pais de um bebê que possa vir a desenvolver uma condição como a Paralisia Cerebral, necessitam de tanto apoio quanto o próprio bebê, sendo também função desta equipe prepara-los para manusear seu filho, estabelecendo um bom vínculo que se refletirá visivelmente no desenvolvimento da criança.

AVALIAÇÃO PRECOCE DE CRIANÇAS PORTADORAS DE PARALISIA CEREBRAL

AVALIAÇÃO PRECOCE DE CRIANÇAS PORTADORAS DE PARALISIA CEREBRAL

A avaliação fonoaudiológica de crianças portadoras de Paralisia Cerebral, consiste primariamente, em avaliar as habilidades sensório motoras dos vários componentes envolvidos na produção da fala.
Tanto as habilidades motoras orais como as habilidades do motor grosso são avaliadas e comparadas com a performance de crianças que desenvolvem-se dentro dos padrões de normalidade.
As habilidades sensório motoras são avaliadas a nível de qualidade, quantidade e simetria.
A presença de comportamentos ou performances anormais é normalmente indicativo de lesão orgânica do sistema nervoso central o que resulta num distúrbio do motor grosso.
O funcionamento da musculatura oral está muito relacionado com o tônus muscular, posição e postura do corpo e movimentos corporais. Isto significa que os distúrbios nas habilidades motoras orais em crianças portadoras de Paralisia Cerebral, devem ser vistos dentro dos grandes distúrbios de habilidades do motor grosso.
Durante a avaliação e julgamento das funções orais da criança, o Fonoaudiólogo não deve observar apenas mudanças e respostas visuais e acústicas mas também sentir as mudanças de tônus e movimentos. Sem este enfoque a avaliação fornecerá informações incompletas.
Antes da avaliação das habilidades individuais da criança, os pais são entrevistados e pede-se que eles discutam sobre seus problemas e sobre as dificuldades motoras que observam em seu filho.
O que se Avalia e se Observa?
1.Expressão Facial
-Existe falta de expressão facial apropriada em caso de hipo ou hipertonia?
-Existe excessiva expressão facial quando na mudança de tônus muscular?
-A expressão facial da criança reage devagar ou rápido e é apropriada ao estímulo?
-A expressão facial corresponde ao intento comunicativo ou emocional?
-As mudanças na expressão facial estão relacionadas com a persistência de reflexos como o tônico assimétrico?
2.Reflexos Orais
-A criança deve estar na posição supina e com a cabeça controlada quando o terapeuta for testar estes reflexos.
-A persistência dos reflexos orais são um dos principais comportamentos anormais observados durante a avaliação da criança portadora de Paralisia Cerebral.
-Na criança "normal", estes reflexos devem ser controlados voluntariamente por volta dos 4 a 7 meses.
-O atraso no desenvolvimento do motor grosso tem papel fundamental na inabilidade de supressão dos reflexos orais.
Na Testagem:

-Estes reflexos são expressos de maneira forte ou fraca?
-Eles estão presentes no período apropriado?
-Eles podem ser desencadeados em ambos os lados? (se não, estão eles em interação com algum padrão patológico como o R.T.C.A.?).
3.Comportamento na Alimentação
-Com a Colher:
-Fluxo dos movimentos dos lábios.
-Inicialização da deglutição na parte posterior da cavidade oral.
-Existe um grau apropriado de abertura de boca e protrusão labial correta na antecipação do alimento?
-O lábio superior remove o alimento da colher?
-A boca está aberta ou fechada durante a deglutição?
-A língua empurra o alimento para a parte posterior da boca na inicialização da deglutição ou existe uma projeção da língua?
-Existe coordenação entre os movimentos de respiração e deglutição? (Durante a deglutição a respiração deve ser suspensa. Somente o recém-nato é capaz de respirar e deglutir ao mesmo tempo por uma postura elevada de suas estruturas laríngeas).
-A alimentação está prejudicada pela presença de reflexos orais?
-Como os movimentos de deglutição podem estar relacionados com o motor grosso?
-Bebendo:
-O movimento de lábio e a coordenação respiratória estão adequados?
-Na mamadeira os lábios ocluem ao redor do bico? Os movimentos de sucção são fortes ou a criança recebe o líquido passivamente?
-Na xícara os movimentos de lábio superior são ativos? Quando isto não é possível são notados movimentos compensatórios de mandíbula?
-O líquido pode ser controlado na boca com a presença de hipo ou hipertonia ou isto resulta num distúrbio de coordenação da deglutição.
-O ato de beber provoca padrões reflexos patológicos?
-Mastigando:
-O terapeuta deve observar se o alimento está sendo mastigado ou se está apenas sendo sugado.
-Os movimentos de abertura e fechamento de mandíbula estão ocorrendo com um movimento rotacional leve?
-A comida é levada pela língua para os dentes molares para a mastigação?
-As bordas da língua são capazes de manter o alimento posicionado entre os molares para a mastigação?
-O ato de amassar o alimento com a língua contra o palato é mais freqüente que a mastigação?
-Os movimentos patológicos do corpo estão inibindo uma correta mastigação?
-Sensibilidade Oral:
-Uma sensibilidade oral anormal é freqüentemente razão para uma dificuldade na alimentação. A área dentro da boca é uma das regiões mais sensitivas do corpo.
-Ao redor/ fora da boca: quando se toca esta região a criança responde com tônus muscular anormal ou este estímulo resulta em padrões reflexos patológicos anormais?
-Dentro da boca: em que posição dentro da boca o reflexo de vômito pode ser provocado? A estimulação das gengivas resulta em padrões reflexos patológicos?
-Quando avaliar a sensibilidade oral, observar onde a criança posiciona a mão e os objetos na boca. Caso a criança não leve a mão à boca, existe uma restrição postural ou uma hipersensibilidade oral?
-Quando um objeto é levado a boca observar a quantidade de movimentos feitos pela criança, se os movimentos exploratórios são atípicos e se existe mudança na pressão contra os objetos?
-Desenvolvimento Dentário:

-Observar as condições de gengiva (coloração), elas estão úmidas e frescas ou existem evidências de infecção?
-Mandíbula:
-A mandíbula e maxila estão ocluídas?
-Existe oclusão assimétrica?
-A mandíbula está posteriorizada em relação a maxila ou vice-versa?
-Os movimentos de mandíbula podem ser separados dos movimentos do resto do corpo ou só são possíveis através de extensão e flexão?



-Lábios:
-Os lábios estão ocluídos, entreabertos, sugados ou pressionados um contra o outro?
-A função labial está afetada pelo tônus?
-Língua:

-Qual é a posição de repouso da língua? (Anteriormente entre os lábios, retraída em direção à faringe, Desviada para um dos lados).
-Um volume arredondado de língua é observado invés de uma postura mais plana?
-Qual é o tônus da língua?
-Voz e Respiração:
-A criança normal mostra um grau de respiração rápida. Este grau muda quando a criança é estimulada mas normaliza-se rapidamente após.
-Na criança portadora de Paralisia cerebral o grau de respiração não retorna rapidamente ao normal.
-O padrão respiratório é torácico, abdominal ou misto?
-Como é a qualidade vocal desta criança: normal, soprosa, forçada?
-Os sons são vocais ou nasais?
-Afonia intermitente: atribuída a inabilidade em atingir vibrações regulares e adução de cordas vocais. 
-Articulação:
-O terapeuta deve avaliar a variedade e a qualidade dos sons (sons que variem em termos de maneira, lugar e vocalização). A produção de sons nas várias partes da boca está intimamente relacionada com postura e posição do corpo.


 Palestra apresentada por Lean Fontain Franco (baseado no trabalho de Agnes Wettstein) na 2° Jornada Paranaense de Fonoaudiologia, promovida pela Associação Paranaense de Fonoaudiologia, em 11/11/95.

Reações de Equilíbrio

  • Reações de Equilíbrio: Um inportante aspecto no desenvolvimento motor normal é a liberação dos braços e das mãos do seu papel primitivo de manutenção do equilíbrio. Com o tempo esta função passa para a alçada do tronco e das pernas. A evolução da postura no homem, necessitou o desenvolvimento de um mecanismo reflexo, servindo para a manutanção e recuperação do equilíbrio, na posição ereta e ao andar. Estas reações são específicas para o homem e seu aparecimento surge numa ordem cronológica sobrepondo-se às reações de retificação.

Reflexo Tônico Labiríntico (RTL)

  • Reflexo Tônico Labiríntico (RTL): É evocado pelas mudanças da posição da cabeça no espaço. Na criança com Paralisia Cerebral provoca um máximo de tônus extensor (hipertonia), na posição supina e um mínimo na posição prona. Está presente no primeiro mês de vida, desaparecendo no sexto mês com o aparecimento do Landau.

Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS)

  • Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS): Também é uma resposta proprioceptiva dos músculos do pescoço, por um movimento ativo ou passivo. A elevação da cabeça produz um aumento do tônus extensor nos braços e aumento do flexor nas pernas. Abaixando-se a cabeça ocorre a situação inversa. Tem sua fase de origem no segundo mês e integra-se por volta do sexto mês.

Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA)

  •  Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA): É estimulado pela rotação da cabeça e causa a extensão dos membros para o lado em que a cabeça foi rodada e diminuição de tônus extensor com aumento da flexão dos membros para o lado occipital da cabeça. Inicia-se por volta do segundo mês e é integrado no quarto mês.

Reação de Anfíbio

  •  Reação de Anfíbio: Esta reação torna o indivíduo capaz de flexionar suas coxas e suas pernas, na preparação para o arrastar, proporcionando a dissociação entre tronco, ombros e pelvis. Esta reação inicia-se no quarto mês e permanece para a vida toda. O teste é realizado levantando-se um lado do quadril, sob a virilha. O membro inferior deste lado flexiona e abduz, enquanto que o membro do lado oposto entra em extensão.

Reflexo de Galant

  • Reflexo de Galant: Um estímulo doloroso na região lombar do bebê em prono, provocará a flexão do tronco para o lado estimulado. Nos primeiros dias de vida a resposta é frequentemente ausente ou fraca. Este reflexo desaparece com 2 meses de idade.

Reação de Landau

  • Reação de Landau: Esta reação é uma combinação das reações de retificação e dos reflexos tônicos. Ela aparece ao redor de seis meses de idade. Quando se levanta uma criança de bruços da mesa, apoiada apenas com a mão do examinador sob o tórax, a criança primeiro erguerá a cabeça, de maneira que a face esteja numa posição vertical, após esta elevação da cabeça ocorre uma extensão tônica da coluna e membros inferiores, que pode ser tão forte que todo o corpo da criança torna-se curvado para trás.

Reação Óptica de Retificação

  • Reação Óptica de Retificação: Quando os olhos se movem, a cabeça e o corpo também giram em direção ao objeto, o qual a atenção foi direcionada. Com a maturação das vias opticas por volta dos seis meses de idade, é que inicia-se a reação de retificação pela visão.

Reação Labiríntica de Retificação

  • Reação Labiríntica de Retificação: Está presente no recém nascido e começa a ficar mais presente por volta do quarto mês. Esta reação permite primeiro a elevação da cabeça na posição prona. No início a cabeça pode ser mantida levantada fraca ou intermitentemente, mas, o bebê irá mantê-la bem na linha média, a partir da oitava semana (2 meses). O levantamento da cabeça na posição prona, inicia um processo de extensão geral do tronco e dos membros, contra a gravidade, que começa céfalo-caudal e alcança quadris e joelhos por volta do sexto mês.

Reação Cervical de Retificação

  • Reação Cervical de Retificação: Está presente ao nascimento, desaparecendo por volta do segundo mês. É obtida virando-se  a cabeça do bebê para um lado, seja ativa ou passivamente, levando a um aumento do tônus do tronco e, o bebê vira para o lado em bloco.

Reação de Suporte

  • Reação de Suporte: Tem início entre o primeiro e o terceiro mês, finalizando por volta do oitavo mês. É provocado através de estímulo proprioceptivo, pela dorsiflexão das partes distais dos membros ou por estímulo exteroceptivo provocado pelo contato das plantas dos pés com o solo. Como resposta teremos a contração simultânea de extensores e flexores.

Placing

  • Placing: Nos membros inferiores tem início com 1 mês de idade e tem seu final poer volta dos dois ou três meses. Testa-se levantando a criança e pressionando-se o dorso de um de seus pés contra a borda de uma mesa. Como resposta teremos a flexão dos diferentes segmentos da perna, trazendo o pé acima da mesa e assim que se estabelece o contato ativo ou passivo da sola do pé com a mesa, ocorre a extensão do membro inferior. Nos membros superiores tem início por volta do segundo mês, tornando-se extensão protetora por volta do sexto mês. Criança é segurada pelo examindor e o dorso de uma de suas mãos é pressionada sob a borda de uma mesa. Como resposta os diferentes segmentos do membro superior se fletem trazendo a mão para cima da mesa.

Reflexo de Moro

  • Reflexo de Moro: Tem seu início no recém nascido e seu final por volta dos 4 a 6 meses. Testa-se deslocando-se o centro de gravidade da criança, ou dando um estímulo visual ou sonoro. Como resposta vai haver uma abdução e extensão dos membros, com extensão e abertura dos dedos, exceto as falanges distais dos indicadores e polegares que permanecem fletidos. Em seguida ocorre a adução e flexão dos membros.

SÍNDROME DE MORSIER (Displasia Septo Óptica)

SÍNDROME DE MORSIER
(Displasia Septo Óptica)
A Displasia Septo Óptica (Síndrome de Morsier) é uma desordem rara que pode aparecer na infância precoce, infância ou em alguns casos, na adolescência. A desordem é caracterizada pelo desenvolvimento anormal (displasia) de certas estruturas na porção central (linha mediana) do cérebro, afetando estruturas dos olhos, o hipotálamo, uma área do cérebro que tem a função de coordenar funções hormonais (ex: sistema endócrino); e outras porções do cérebro. Características resultantes encontradas podem incluir um subdesenvolvimento (hypoplasia) dos nervos ópticos, o par de nervos (II par de nervos craniais) que transmitem impulso da retina para o cérebro; ausência (agenesia) de certa membrana do cérebro (Septo pellucidum); diminuição da atividade da glândula pituitária, uma glândula produtora de hormônios localizada na base do cérebro, devido a um funcionamento impróprio do hypothalamus ( hypopituitarismo hypotalâmico). Como resultado de tais anormalidades, os indivíduos afetados podem experienciar cegueira completa ou parcial ou dificuldade visual de leve a severa; atrasos na aquisição de habilidades que requerem a coordenação de atividades mentais e musculares (retardo psicomotor); deficiência de certos hormônios resultando em retardo do crescimento, baixa estatura, e/ou outros sintomas; e/ou, em alguns casos, anormalidades adicionais. Embora algumas crianças com esta desordem tenham inteligência normal, a maioria exibe déficit da capacidade intelectual desde problemas de aprendizado até retardo mental. A causa da Displasia Septo Óptica não é completamente entendida. A maioria dos casos parecem ocorrer esporadicamente por causas desconhecidas.

Texto da National Organization for Rare Diseases (Copyright 1988, 1989, 1997), traduzido por Lean Fontain Franco.

CLASSIFICAÇÃO DE PARALISIA CEREBRAL

CLASSIFICAÇÃO DE PARALISIA CEREBRAL

A Paralisia Cerebral pode ser Classificada quanto ao Tônus e quanto a distribuição.
Quanto ao tônus:
  • Espástica
  • Hipotônica
  • Atetóide
  • Atáxica
Quanto a Distribuição:
  • Quadriparética: Os quatro membros estão afetados, podendo um hemicorpo estar mais afetado que o outro.
  • Triparesia: Três membros são afetados, dois membros inferiores e um superior.
  • Hemiparesia: Um hemicorpo é afetado.
  • Diparesia: Os membros inferiores são afetados, podendo haver um comprometimento menor também em membros superiores.
  • Monoparesia: um membro somente é afetado.

O QUE É O TESTE DE APGAR ?


O QUE É O TESTE DE APGAR ?



TRADUÇÃO: LEAN FONTAIN FRANCO
O Teste de APGAR é o primeiro teste aplicado ao recém nato, e ele ocorre logo após o nascimento, na sala de parto. Foi desenvolvido em 1952 por uma anestesiologista chamada Virginia Apgar, o teste foi elaborado para avaliar rapidamente as condições físicas do recém nato após o parto e determinar qualquer cuidado médico extra ou de emergência necessários.
O Teste de APGAR é normalmente aplicado duas vezes no bebê: uma ao 1º minuto após o nascimento , e novamente ao 5º minuto após o nascimento. Raramente, se existem sérios problemas nas condições do bebê e os duas primeiras "notas" são baixas, o teste será realizado uma terceira vez após 10 minutos de nascimento.
Cinco fatores são usados para avaliar as condições do bebê e cada um destes fatores recebe uma nota de 0 a 2:
  • Pulso,
  • Respiração,
  • Atividade e tônus muscular,
  • Reflexo de irritabilidade
  • Aparência (coloração da pele)
Médicos, parteiras ou enfermeiras somam estes cinco fatores para calcular a "nota" do teste de APGAR. Embora 10 seja a nota máxima possível, bebês quase nunca a recebem porque a coloração das mãos e dos pés dos recém natos saudáveis ainda não atingiram a coloração roseada 5 minutos após o nascimento ( O bebê necessita ter coloração normal em todo seu corpo, incluindo mãos e pés para ganhar a nota máxima de 2 em aparência).
TESTE DE APGAR



Sinal de APGAR

2

1

0

Pulso

Normal (acima de 100 batimentos por minuto)

Abaixo de 100 batidas por minuto

Ausência de batimentos

Respiração

Grau normal e esforço normal

Vagarosa ou respiração irregular

Ausência de respiração

Reflexo de Irritabilidade

Empurra, espirra ou tosse com o estímulo

Apenas movimentos faciais com a estimulação

Ausência de resposta a estimulação

Atividade e tônus muscular

Ativo, movimentos espontâneos

Braços e pernas fletidos com pouca movimentação

Sem movimentação, tônus "floppy"

Aparência (coloração da pele)

Coloração normal em todo corpo (mãos e pés rosados)

Coloração normal, exceto nos pés e mãos

Coloração acinzentada ou pálida em todo corpo
Um bebê que atinge uma nota 7 ou acima no 1º minuto após o nascimento é considerado com boa saúde. Todavia uma nota baixa não significa necessariamente que o bebê não é saudável ou é anormal. Por exemplo, uma nota entre 4 e 6 no primeiro minuto indica que o bebê precisa algum cuidado especial imediato, como oxigênio para ajudá-lo a respirar ou a liberação de suas vias aéreas. Um recém nato com nota abaixo de 4 normalmente requer tratamento médico avançado e medidas de emergência, como respiração assistida, administração de fluídos e medicamentos e observação em UTI neonatal.
Aos 5 minutos após o nascimento a nota é recalculada, e se o bebê não atingir a nota 7 ou mais, o médico e as enfermeiras irão continuar qualquer cuidado necessário e vão monitoras o bebê bem de perto. Alguns bebês nascem com condições de coração e pulmões que requerem cuidados médicos extras, outros apenas levam mais tempo que o usual para se ajustar a vida fora do útero. Muitos dos recém natos com APGAR menor que 7 normalmente se saem bem.
É importante que os pais mantenham o APGAR de seu bebê em perspectiva. O teste foi desenvolvido para ajudar o pessoal da área de saúde avaliar as condições físicas do recém nato a fim de que se possa rapidamente determinar em que área o bebê necessita cuidados médicos imediatos. Não foi desenvolvido para predizer a saúde do bebê a longo prazo ou condições de comportamento ou outras que possam a vir surgir. Poucos bebês tiram um perfeito 10, e bebês perfeitamente normais algumas vezes ganham uma nota abaixo da nota esperada, especialmente nos primeiros momentos de vida.
Tenha em mente que o APGAR discretamente baixo (especialmente no 1º minuto) é normal para alguns recém natos, especialmente aqueles nascidos após uma gestação de alto risco, cesariana, ou parto complicado. APGAR baixo é normalmente visto em bebês prematuros saudáveis, que usualmente tem tônus muscular mais baixo que um bebê a termo e que em muitos casos, necessitará um monitoramento extra e assistência para respirar devido seus pulmões serem imaturos.
 
ARTIGO ORIGINAL DE:

http://www.kidshealth.org

ÁCIDO FÓLICO E GRAVIDEZ

TRADUÇÃO: LEAN FONTAIN FRANCO
 
 


ÁCIDO FÓLICO E GRAVIDEZ
Revisado por Kim Rutherford, MD/ Dez/2001
Para se ter um bebê saudável significa certificar-se que você está saudável também. Uma das coisas mais importantes que você pode fazer para prevenir sérios defeitos ao nascimento em seu bebê é tomar ácido fólico suficiente todos os dias, especialmente antes da concepção e durante o início da gravidez.
O que é ácido fólico?
O ácido fólico, algumas vezes chamado de "Folate", é uma vitamina B (B9) encontrada normalmente em vegetais de folhas verdes como o espinafre, suco de laranja e grãos enriquecidos. Estudos repetidos mostraram que mulheres que ingerem diariamente 400 microgramas (0,4 miligramas) antes e durante a gestação reduzem o risco em 70% de que seu bebê venha a apresentar sérios defeitos do tubo neural (um defeito do nascimento envolvendo o desenvolvimento incompleto do cérebro e do cordão espinhal).
O defeito mais comum do tubo neural é a espinha bífida (um fechamento incompleto do cordão espinhal e da coluna), anencefalia (subdesenvolvimento severo do cérebro) e encefalocele (quando o tecido cerebral protrui para fora em direção à pele a partir de uma abertura anormal no crânio). Todos estes defeitos ocorrem durante os primeiros 28 dias de gestação – normalmente antes que uma mulher saiba que está grávida.
Então, esta é a razão da importância para que todas as mulheres em idade fértil consumam ácido fólico e não apenas aquelas que estão planejando engravidar. Somente 50% das gestações são planejadas, então toda mulher que possa engravidar deve certificar-se que está tendo uma dose suficiente de ácido fólico.
Médicos e cientistas não estão completamente certos porque o ácido fólico tem efeitos tão profundos na prevenção de defeitos do tubo neural, , mas eles sabem que esta vitamina é crucial no desenvolvimento do DNA. Como resultado, o ácido fólico desempenha um grande papel no crescimento celular e no desenvolvimento do tecido em formação.

INGERINDO ÁCIDO FÓLICO SUFICIENTE
O Centro Americano para Prevenção e Controle de Doenças (CDC) recomenda que todas as mulheres em idade fértil, e, especialmente aquelas que estão planejando engravidar, consumam cerca de 400 microgramas (0,4 miligramas) de ácido fólico todo dia. A ingestão adequada de ácido fólico é muito importante 1 mês antes da conce4pção e nos 3 primeiros meses de gestação a fim de reduzir o risco de ter-se um feto com um defeito do tubo neural. Durante a gravidez, as mulheres devem aumentar a quantidade de ácido fólico de 400 para 800 microgramas (0,4 para 0,8 miligramas) diariamente.
Como você pode ter certeza que está tomando ácido fólico suficiente? Em 1998, "The Food and Drug Administration" (Administração para Drogas e Alimentos) ordenou que o ácido fólico fosse adicionado a produtos de grãos enriquecidos, então você pode aumentar a ingestão do ácido fólico, cuidando para que no café da manhã você tenha cereais, pão, pastas e arroz contendo 100% da dose diária recomendada. Mas para a maioria das mulheres, comer alimentos fortificados não é o suficiente. Para atingir o nível recomendado, você provavelmente necessitará um suplemento vitamínico. Converse com seu médico a respeito de quando ele irá recomendar o suplemento.
Também converse com seu médico se você já teve uma gravidez em que o feto foi afetado por um defeito do tubo neural. Ele irá recomendar que você aumente sua dose diária de ácido fólico (mesmo antes de ficar grávida) para minimizar os riscos de ter outra ocorrência.

TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS DISPONÍVEL EM:
                                           
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O QUE O PEDIATRA DEVE OBSERVAR QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM NA CRIANÇA

O QUE O PEDIATRA DEVE OBSERVAR QUANTO AO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM NA CRIANÇA
Por: Lean Fontain Franco
e Fernanda Virmond

Artigo publicado no Boletim Informativo número 18 de março de 1999 da Sociedade Paranaense de Pediatria.

O desenvolvimento de linguagem de uma criança está intimamente relacionado ao desenvolvimento motor global, a integridade das vias auditivas e neurológicas e ao desenvolvimento intelectual. Assim sendo é de vital importância que o Pediatra analise todas as pistas que a criança lhe oferece, como os sons que produz, o contato visual e a atenção que ela mantém ao som.
Ao nascimento apresenta-se num padrão motor flexor, sendo o reflexo de Moro sua primeira experiência em extensão, emitindo sons guturais e posteriores e choro nasal. A criança está atenta aos estímulos sonoros, por exemplo: ao ouvir barulho forte ela para de mamar ou apresenta sobressalto ou reflexo cócleo-palpebral.
A partir do segundo mês, com o avanço do amadurecimento neurológico, o lactente inicia um processo de oralização mais anterior, sendo os sons nasais superados tornando a emissão mais clara. Até o quarto mês estes sons vão tornando-se melhor elaborados pois a criança leva a mão à boca, iniciando a supressão dos reflexos de procura e sucção, dando maior independência aos movimentos de língua, lábios e mandíbula.
Entre o quarto e o quinto mês, é o período que denominamos lalação onde passa a utilizar-se de entonação dando pequenos "gritinhos" e fazendo brincadeiras com a voz. Esta fase é de extrema importância pois a criança vivencia a entonação da fala do adulto e uma importante troca com o meio. Ela está atenta ao mundo sonoro e procura a fonte sonora.
No sexto mês, a criança passa a emitir sílabas repetidamente, é o balbucio. É muito importante observar, a partir deste momento, se a criança começa a fazer uma variação na emissão dos sons ao nível de quantidade e qualidade. Este é o início da preparação para a fala. Começa a localizar estímulos sonoros para as laterais.
A partir dos sons que a criança emite e do reforço dado pelos pais, estes sons começam a ganhar um significado. estamos por volta dos oito ou nove meses de idade, e a criança começa a emissão de monossílabos e/ou dissílabos com significado - /da/ quando quer algo, /ta/ quando quer dar algo, /mama/ para mamãe, /papa/ para o papai ou para a comida, e onomatopéias como /au-au/ para o cachorro, /mu-mu/ para a vaca, /piu-piu/ para o passarinho, etc... Nesta fase tenta localizar o estímulo sonoro para baixo e para cima.
Com um ano de idade considera-se o início da fala articulada, é quando a maioria das crianças tem condições para o início de emissões de vocábulos de maneira mais correta, como /mamãe/ e /papai/. a criança é capaz de localizar o estímulo sonoro em qualquer direção.
Após esta fase a criança vai adquirindo um vocabulário isolado e vai experimentando uma melhor elaboração e coordenação dos movimentos, sendo que muitos vocábulos são emitidos através da sílaba tônica (sílaba mais forte) /bo/ para bola, /pa/ para pato. A criança também imita o fluxo de fala do adulto dando a impressão de estar falando uma língua estrangeira (é o jargão). A criança costuma misturar o jargão com os vocábulos que conhece.
Com aproximadamente 18 meses de idade, a criança começa a combinar dois vocábulos para formar frases de dois elementos como /dá água/, /não qué/, /ó mãe/ - é a fala telegráfica que dará a base para a formação de sentenças mais completas e complexas.
A partir dos dois anos a criança vai ampliando e aperfeiçoando cada vez mais o seu vocabulário, estruturando melhor sua linguagem e tendo acesso a todos os elementos da língua.
Com três anos a criança pode apresentar um fenômeno conhecido como gagueira fisiológica, pois sua fala não consegue acompanhar a velocidade de seu pensamento.
Considera-se que até quatro anos de idade ou pelo menos até a fase pré-escolar (5 anos) a criança deve ter adquirido a linguagem com todo o seu padrão correto, ou seja, estar falando todos os fonemas de maneira inteligível.
O bebê de risco neurológico, normalmente irá apresentar ausência ou exarcebação dos reflexos de procura, sucção, mordida e vômito, atrapalhando o desenvolvimento normal da linguagem. É comum observarmos a criança obter um bom desempenho no desenvolvimento até o balbucio, a partir do momento que a criança precisa estabelecer uma relação significante-significado, ou seja, dar um significado para sua emissão (fator intelectual), o atraso torna-se evidente.
Pediatra encaminhe seus bebês para uma avaliação Fonoaudiológica e para que os pais sejam orientados assim que notar qualquer alteração no desenvolvimento da linguagem. A linguagem é fundamental no desenvolvimento da criança.

Método Verbotonal Associado aos Conceitos Bobath para o Acompanhamento de Indivíduos Portadores de Surdez com Comprometimento Motor Associado

Método Verbotonal Associado aos Conceitos Bobath para o Acompanhamento de Indivíduos Portadores de Surdez com Comprometimento Motor Associado
Por: Lean Fontain Franco
Este trabalho é o resultado de experiências práticas com crianças portadoras de Surdez associada à Paralisia Cerebral, tendo como base principal os conceitos Bobath e o Método Verbotonal. Dentro de uma nova visão de atuação e aprimoramento profissional, que busca cada vez mais uma especificidade de atendimento, ou seja a especialidade em uma área, que traz por um lado, um aperfeiçoamento teórico-prático para o profissional atuar em determinados casos, mas, por outro, deixa de contemplar este mesmo profissional com a visão necessária para que o mesmo possa aplicar suas técnicas em casos em que fogem de sua área de atuação.
Isto é visto na experiência, através de profissionais que só atendem por exemplo a deficiência auditiva, e quando deparam-se com um problema motor associado acabam por encaminhar esta criança a outro especialista, este por sua vez encaminha a um terceiro pois ele não atende a parte auditiva e somente a motora. Esta visão de especialidade é assumida também por Instituições de atendimento, levando os pais a fazer uma verdadeira excursão pela cidade em busca de atendimento apropriado ao seu filho.
É claro que uma Instituição não pode assumir o mundo com suas pequenas mãos, mas pode contribuir para que todas as outras instituições amadureçam a idéia de fazer um pouco mais além do possível. Dentro desta nova visão o CRESA passou a prestar assistência ao surdo portador de problemas motores e também com problemas de visão subnormal.
Segundo o Professor Mladen Lovric´, um dos idealizadores do método Verbotonal, na Itália já vem também se iniciando um trabalho associado para que crianças portadoras de múltipla deficiência tenham uma reabilitação mais apropriada.
O Método Verbotonal de reabilitação para pessoas que tem problemas severos de comunicação foi desenvolvido na Croácia em 1950 pelo Professor Petar Guberina, um lingüísta que estava particularmente interessado na percepção da fala.
Os procedimentos Verbotonal, seguem os padrões de linguagem observados em bebês que apresentam audição normal. Antes que um bebê possa falar, ele chora, vocaliza e balbucia - ele produz sons. Todo o seu corpo participa na produção e recepção dos sons. Esta atividade vocal não é uma resposta ao seu sentido da audição, embora, seja uma resposta ao seu sentido proprioceptivo. Enquanto o bebê vai amadurecendo, seu jogo vocal torna-se mais sofisticado. Durante este tempo, padrões de ritmo e entonaçãor atividades motoras rítmicas, tanto quanto a parte vestibular, tátil e proprioceptivas contribuem para o desenvolvimento da linguagem e da fala. (Guberina, 1984)
Um dos pontos fortes do método Verbotonal , é a reabilitação da audiocomunicação através de movimentos corporais. Levando em conta que a maioria de nossas crianças com problemas motores associados, são portadoras de Paralisia Cerebral (um transtorno da postura e do movimento), entende-se o porquê do uso do Verbotonal associado ao Bobath.
Linguagem como um meio de comunicação inclui não somente uma porção verbal mas também aspectos não verbais importantes que incluem expressão facial, mímica e gestos.......então chamados de "linguagem corporal" como meio de expressão. Fica então claro que o movimento tem um papel significante na comunicação. O movimento é necessário para a aquisição da linguagem e também para sua produção (Wettstein, 1992).
O Conceito Bobath, é um tipo especializado de Fisioterapia, constituido principalmente pelo trabalho do Neuropediatra Dr Karel Bobath e de Sua Esposa a Fisioterapeuta Berta Bobath, através de 25 anos de pesquisa. Na atualidade o tratamento por eles desenvolvido é bem conhecido e aceito em vários países (Bobath, 1990). O princípio do Conceito Bobath é a inibição dos padrões reflexos anormais e a facilitação dos movimentos normais.
Com o início do trabalho, percebeu-se uma afinidade entre as metodologias, principalmente no que se refere ao aproveitamento do potencial da criança e no respeito ao cronograma das etapas de desenvolvimento.
Entrando finalmente no assunto a ser discutido, se o objetivo é trabalhar a criança com movimentos pré-estabelecidos para a estimulação da verbalização e esta criança tem um problema motor, é necessário que primeiramente esta criança seja preparada para este movimento.
Através do Método Verbotonal estimula-se a criança a verbalizar e a sentir os fonemas através do movimento corporal e, através dos Conceitos Bobath, inibe-se os padrões anormais e facilita-se os movimentos a serem utilizados pela criança no processo da verbalização e sensação destes fonemas.
O corpo, seus movimentos e o sentido vestibular tem um papel importante na reabilitação da criança profundamente surda (Guberina, 1984). Fala é movimento, fala é meio de comunicação, mas a comunicação de destas crianças está comprometida, em primeiro lugar, pelo fator auditivo e, em segundo, lugar pela inabilidade de fazer trocas construtivas com o meio pela limitação motora.
O desenvolvimento da fala está intimamente ligado ao desenvolvimento motor. Portanto deve-se conhecer este desenvolvimento intimamente a fim de não exigir da criança algo que ela não é capaz de realizar no momento.
Desenvolvimento motor normal significa um desabrochar gradual das habilidades latentes de uma criança (Bobath, 1963).
Franco em 1995, relacionou como o desenvolvimento de fala é dependete do desenvolvimento motor global:
O recém nascido está num padrão flexor, ele apresenta um choro monótono, uma vocalização nasal e sons guturais e posteriores porque suas estruturas orais estão imaturas e suas estruturas laríngeas estão relativamente elevadas. A sua única experiência em extensão é o reflexo de moro. Com 1 mês de idade, começa a entrar um pouco de assimetria e o bebê experiência a lateralidade, suas estruturas orais vão gradualmente desenvolvendo-se e ele apresenta eventualmente um pouco de extensão. A vocalização começa pouco a pouco a transformar-se de nasal para oral. Com 2 e 3 meses, mais extensão começa a desenvolver-se, o bebê pode levar a mão a boca e ter uma experiência sensorial (especialmente tátil). Ele pode trazer suas mãos para a linha média. A vocalização oral aumenta. Nesta fase pode-se iniciar a estimulação dos sons orais /a/, /e/, /i/, /o/ e /u/, associando estes fonemas já com algumas manobras facilitadoras, após realizar um relaxamento adequado. Com 4 e 5 meses, o bebê move-se melhor, ele pode rolar de prono para supino. Estes movimentos permitem a ele desenvolver entonação, intensidade e ritmo ou seja os aspectos supra-segmentais da fala. O bebê desenvolve estes aspectos através de um melhor uso do feed-back auditivo. Ele começa a dar " gritinhos" e a respiração torna-se mais profunda. Nesta idade usaremos as manobras facilitadoras para a emissão dos fonemas e vamos além, facilitando o movimento corporal e estimulando a entonação. Com 6 e 7 meses, o bebê desenvolve um melhor controle do corpo e de seus movimentos, pois o equilíbrio deixa de ser função dos braços e passa para a alçada do tronco e pelvis, então ele pode sentar-se e mover-se para prono, supino ou para o lado. Com esta liberação da parte superior do corpo a criança inicia o balbucio. Em supino sons como /k/ e /g/ são observados. Se o bebê está numa posição prona, ouviremos sons como o /p/, /b/ e /m/. A precisão e qualidade da produção dos sons bilabiais aumenta assim que a criança possa sentar com mais estabilidade. Com um melhor desenvolvimento da mastigação, os movimentos de língua e mandíbula aumentam quantitativamente e qualitativamente, então os sons linguais como o /t/, /d/, /n/ e /l/ aparecem. A precisão da articulação aumenta quando inicia-se a dissociação entre língua e mandíbula, isto acontece quando inicia-se uma melhor dissociação corporal. O bebê então faz uma variedade de sons. Ele começa a aprender a fala através de repetição e comparação dos sons. A partir deste momento pode-se entrar com manobras que propiciem movimentos de percepção para a emissão de sílabas e facilitem a aquisição de posturas mais elevadas como o sentar. Os movimentos devem ser explorados dentro da condição motora da criança. Os 8 e 9 meses, são idades importantes, pois o bebê terá que usar suas habilidades intelectuais na linguagem. Ele tem que aprender que tudo tem um nome e uma função. O significado da linguagem é aprendido pela interação com o meio ambiente, manuseando e interagindo com os objetos e pessoas. Através desta interação o bebê aprenderá para que servem os objetos, quais são suas características e como elas se relacionam no tempo e no espaço. O bebê começa a utilizar-se de monossílabos e dissílabos com significado como /mama/, /papa/, /dá/, /tá/. Agora começa-se a associar fala ao significado, as manobras facilitariam os movimentos de percepção das emissões e no caso de conseguir emissões orais, estas já seriam associadas a um significado. Finalmente com 10, 11 e 12 meses a criança começa a produzir todo o sentido de uma frase resumida numa única palavra. É o início da fala articulada, se o bebê inicia a marcha com esta idade, a fala não vai poder ter um bom desempenho ao mesmo tempo que o caminhar pois este demanda muito da criança. O bebê estará mais interessado em explorar o meio caminhando e portanto estará desenvolvendo linguagem interior também. Após esta fase a linguagem irá desenvolver-se gradativamente com cada fase posterior trazendo sua beleza.
Se a criança conseguir chegar neste ponto sem atraso motor, o Verbotonal segue o seu curso normal, se a criança tiver algum problema motor associado, tem-se que partir da idade do desenvolvimento em que ela se apresenta e então utilizar-se das manobras de apoio com mais direcionamento.
Para aplicar este tipo de tratamento comentado neste artigo, é necessário que se tenha um profundo conhecimento tanto da Metodologia Verbotonal, como dos Conceitos Bobath, por isso tem-se o cuidado de não descrever nenhuma das técnicas, que devem ser vivenciadas com o auxílio de um instrutor formado e credenciado para depois serem utilizadas por profissionais então habilitados.
Este estudo realizado, pode ser utilizado tanto para a criança surda Portadora de Paralisia Cerebral, como também para portadores apenas de Paralisia Cerebral e Bebês de Risco ou com atraso no desenvolvimento de linguagem, pois o Método Verbotonal é plenamente aplicável a estas crianças também. Os resultados são realmente bons, principalmente em casos de atraso no desenvolvimento da linguagem, afinal é mais fácil aprender o que se vivência e tanto o Verbotonal como o Bobath partem deste princípio.
 
 








REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOBATH, B. 1963. A atividade postural reflexa anornal causada por lesões cerebrais São Paulo, Editora Manole. GUBERINA, P. 1984. O método verbotonal para a reabilitação das pessoas com problemas na comunicação. Zagreb, Centro Suvag.
BOBATH, B. & BOBATH, K. 1990. Curso Bobath Student´s Papers. London, The Bobath Center.
WETTSTEIN, A. & MÜLLER, H. 1992. The role of the speech-language pathologist in the treatment of cerebral palsy. Berne - Suiça. Apostila distribuída durante o XV Congresso da Associação Brasileira de Paralisia Cerebral.
FRANCO, L.F. 1995. Early Normal Speech and Language Development. Palestra apresentada durante o Advanced Speech Terapy Bobath Course, Curitiba-Pr.
 
 
 
 
ABSTRACT











What is presented in this work, it is an association of techniques and resources used for the Auditory rehabilitation (Verbotonal Method) with other specific techniques to the child's carrier of Cerebral Paralysis attendance (Conceitos Bobath).
One of the strong points of the Verbotonal Method, idealized by Guberina, is the language and speech rehabilitation through corporal movements. Taking into account that most of our children with motor problems associated , they are carriers of Cerebral Paralysis (an upset of the posture and of the movement), it understands the reason of the use of Verbotonal associated to Bobath.
If we will work the child with established movements for the speech stimulation and this child has a motor problem, it is necessary that firstly this child is prepared for this movement.
Through the Verbotonal Método the child is stimulated to verbalize and to feel the phonemes through the corporal movement and, through the Bobath Concepts, it is inhibited the abnormal patterns and it is facilitated the movements used by the child in the process of speech and sensation of these phonemes.
Speech is movement, speech it is communication, but our child's communication is committed in first place for the auditory factor and in second place for the inability of making constructive changes with the middle for the motive limitation.
The development of the speech is intimately linked to the motor development. Therefore we should meet this development in order to not to demand something that the child is not capable to accomplish in the moment.